quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

É Proibido - Pablo Neruda (Poema de ano novo)

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
...Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 14 - Titulos póstumos

Funerais de pompa e circuntância, rituais disto e daquilo para uma pessoa falecida, nada disso faz sentido. Isso é continuar a desprezar a própria pessoa. Se não lhe demos nada em vida, continuamos a não dar. Será que não percebem que já cá não está para ver? Eu pessoalmente não quero cá nada disso. Embrulhem-me num lençol velho e atirem-me para um sitio qualquer, onde não incomode... Agora em vida... Em vida, façam-me homenagens, tratem-me com carinho e admiração, com respeito, dêem-me amizade, que eu agradeço e fico com certeza mais feliz. Se não o fizerem, ao menos não mo façam depois, que isso vai-me irritar profundamente até depois de morta. Podem ter a certeza!

Isto vem a próposito do falecimento de Carlos Pinto Coelho. Onde é que ele estava? O que aconteceu ao "Acontece"? Apareceu agora, agora já todos se lembram e fazem homenagens. Para quem? Para ele? Não... Para quem está cá, para se sentirem melhor consigo mesmos. Continuam a não lhe ligar nenhuma, como acontece há já algum tempo, mas agora parece mesmo que sim.

Eu tenho cá para mim é que temos de nos fazer felizes uns aos outros... Em vida. Deixem lá as pessoas depois, que não estão cá para ver. Percam o medo de aceitar que depois de mortos o mais provável é não haver mais nada e façam o que tiverem de fazer agora! Se houver algo depois já só o vamos saber depois. Então... Que fique para depois. Vamos enterrar os mortos e tratar dos vivos, TRATAR DOS VIVOS!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Somos todos homens-elefante

As voltas que o mundo dá...

Actualmente eu posso dizer que gostaria de espancar ou gasear um cigano ou um preto (ou vários, para não desperdiçar gás), mas não posso dizer o mesmo em relação a um cão ou vários (pelo mesmo motivo). Não me interpretem mal, não acho nada mau a valorização do cão, bem pelo contrário, o que acho mau é a continuação da desvalorização das pessoas de etnia diferente, ou de outra qualquer coisa diferente... E a forma como isso continua a ser tão bem aceite em alguns meios. Portanto, neste caso as voltas que o mundo deu foi no sentido da valorização dos animais, pois os instintos básicos do ser humano em não aceitar o que é diferente, na realidade, continuam. Para isso existem várias teorias, eu pessoalmente gosto muito daquela que diz que não conseguimos gostar do que é diferente por não nos revermos nelas, ou seja, básicamente gostamos é de nós próprios.

Também é curioso que apesar da nossa melhoria na forma como vemos os animais, eles continuem a ser tão mal tratados, se calhar só melhorámos a nossa teoria. Então eu acho que em termos teóricos melhorámos na relação com os animais e piorámos na relação com as pessoas diferentes, mas que na prática, continua tudo na mesma. Também tenho a minha opinião quanto ao facto de maltratarmos tanto os animais e não fazermos o mesmo em relação aos ciganos e pretos. É que os animais não falam e não se defendem tão bem. E tudo o que seja diferente, vulnerável (no sentido de estar ali, à mão de semear) e não fale, está tramado. Vejam o filme do homem-elefante, a sério, vale a pena. Levanta muito bem esta questão e dá que pensar.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 13 - Melgas... humanas

Qualquer um dos dois tipos de melgas (humanas ou insectos) são profundamente irritantes, uma vez que ambas zumbem aos nossos ouvidos sem nos deixar em paz e ambas nos sugam o sangue. Mas, quer uma quer outra, têm a sua importância, umas na cadeia alimentar e na ordem natural e outras na nossa vida, e por isso, não existem por acaso... Mas aqui irei apenas referir-me às humanas, portanto será nas suas qualidades e defeitos que me irei focar durante os próximos minutos. Sim, as melgas têm qualidades!

Não me posso referir às melgas como algo positivo, não o são. Positivos na nossa vida são os amigos. Mas elas são importantes e não surgem por acaso, surgem porque de certa forma fazem falta e não "entram" sem ser convidadas, somos nós que as vamos buscar. Eu chamo-lhes melgas, mas há quem se refira a elas como companheiros. São no fundo aquelas pessoas que gostam da nossa companhia, embora possam não gostar de nós, nem nos ter qualquer respeito. Todos nós as temos ou tivemos na nossa vida. Porque elas são óptimas companheiras, é um facto (não confundir com companhia). Pessoalmente tenho até a dizer que não há ninguém que me faça sentir mais valorizada, no sentido de me sentir uma boa companhia, do que uma melga. Pois não me dá negas, nem me faz pior, não cancela nada que já esteja combinado e isso vale ouro! É por isso que eu admito que não lhes consigo resistir, acho essa valorização importante, são digamos quase como uma droga. O facto de saber que combino uma coisa com elas e ela vai cumprir-se de certeza, esse conforto é impagável, é como tomar um ecstasy... Mesmo. (Vejam lá o que não poupo em saúde e dinheiro!) O problema vem depois, vem quando ganham confiança, quando se começam a revelar, aí quebra-se o encanto todo... (Ou não, se ao ganhar confiança o encanto não se quebrar, estamos perante o maior tesouro que podemos encontrar. Um amigo que é companheiro, uma espécie de melga sem defeitos. Pessoalmente, devo ter tido um achado destes para aí uma vez na vida. Mas sobre isto irei falar nas 365 coisas que me fazem profundamente feliz!)

Uma melga confortávelmente instalada na nossa vida é o pior que pode acontecer. Ela será possessiva, ciumenta, manipuladora e uma amiga sem nada para dar, por muito que quisesse tentar. Nunca percebo muito bem porque são ciumentas, se não têm nada para dar enquanto amigas. Mas são. Depois surgem as rotinas e a obrigação de sair com elas e o saber que quanto mais sairmos com elas mais confiança irão ganhar e mais possessivas se irão tornar. As faltas de respeito com a confiança também tendem a crescer em quantidade e em gravidade. Depois até namorados nos vão querer impingir, tudo aquilo lhes der jeito. Elas estão dispostas a decidir a nossa vida toda: com quem namoramos, onde passamos as férias e claro quem serão os nossos melhores amigos: Elas! Chega então a vontade de nos afastarmos, é então que dão uso ao nome de MELGA. Vai ser a pior parte de todo este processo...

Resumindo, aquilo que eu acho é muito simples: As melgas são seres perfeitos com prazo de validade. É importante saber quando lhes dizer adeus, que é aquele momento em que percebemos que surgiu a primeira atitude de possessão ou a primeira falta de respeito. Não, não é impressão nossa, o prazo de validade dessa melga chegou mesmo ao fim. É altura de dizer: Adeus!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 12 - Estrangeirices linguísticas

Ora cá está! Uma das minhas "coisas profundamente irritantes" favoritas! Esta é mesmo de me "eriçar o pêlo"! Provávelmente estará em 2º ou 3º lugar no Top das coisas irritantes. Aliás, quem me conhece sabe que não há coisa que ache mais parva que a introdução do inglês (à bruta) no nosso português. Aliás já consta no meu antigo blog e foi na altura bastante comentado e atrevo-me até a dizer que foi até um pouco polémico. Ah, pois atrevo! Desta vez sei que não irei ter tantos comentários, tenho pena, tenho saudades dos tempos em que conseguia fazer do meu blog um sitio de troca de ideias. Enfim... Hoje há mais sucesso no Facebook, mas eu cá gosto mais aqui do meu cantinho. Voltando à vaca fria (ah como eu adoro estas expressões tão portuguesas), mais do que me irritar, fere-me a alma ver uma língua tão bonita e expressiva como o português ser trocada por nós, portugueses, que deveriamos ser os seus principais guardiões, assim por dá cá aquela palha. "Don't get me wrong"! Não tenho nada contra a língua inglesa, até acho que tem os seus encantos, mas usê-mo-la POR FAVOR apenas nas alturas em que deve ser usada. Temos a nossa própria língua, já viram? Não é bom? Usê-mo-la! Sem medo e bem, sem erros. Para que vamos já investir em "estrangeirices", se nem a nossa sabemos falar correctamente?

Se acho que não tem muita piada ouvir bandas portuguesas cantar em inglês, pois as letras não têm a mesma força e a pronúncia às vezes deixa muito a desejar, acho bem mais grave trocarmos palavras ou expressões que sempre foram usadas em português, por outras que são as mesmas, mas... em inglês. Só porque de repente diz que é de bem. Diz que é bonito andar por aí a falar em inglês a torto e a direito, mesmo quando não faz sentido nenhum. São fases dirão alguns, mas esta fase, parece-me a mim, tem tendências a manter-se ou a piorar. E agora vem aí o acordo ortográfico e anda tudo em pânico, não sei porquê, uma vez que essas pessoas assustadas são as mesmas que usam o inglês, mas não querem perder o português que cada vez usam menos, porquê? Eu também me assusto com isso e também me recuso a usá-lo, mas acho bem mais grave esta situação que relato.

Continuo a achar que a nossa língua é das mais bonitas, das mais complexas (existem sons que só estão mesmo no português), um dos nossos maiores bens e devia ser estimada por todos nós, portugueses. Às vezes tenho a sensação que os brasileiros a tratam bem melhor e nós estamos sempre criticá-los, eles que até já criaram o Museu da Lingua e todos nós sabemos que os museus existem para conservar o que se está a perder... Se calhar foi uma boa ideia. Se eu pudesse, acreditem que me dedicava bem mais a esta causa, gostava de fazer realmente passar esta mensagem, de conseguir mostrar o meu ponto de vista e de como isto me irrita bem cá no fundo!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 11 - Cruzamento de pernas feminino, abertura de pernas masculina...



Em tempos um cruzamento de pernas foi um sucesso enorme nas telas de cinema e talvez seja por causa disso que há tanta mulher e rapariga a querer cruzar as suas pernas custe a quem custar! Não sei, mas o que eu sei é que eu cá não acho piada nenhuma a cruzamentos de pernas, aliás deles quero distância e as minhas pernas então querem kilometros de distância! Detesto aquele toquezinho irritante ou pior aqueles "toquezinhos" de deixar a canela dorida! Ás vezes, sobretudo no metro, só ao 3º ou 4º encontrão é que a pessoa à minha frente percebe que é para descruzar as pernas. Nos cafés e restaurantes é mais facil resolver a situação a desenvolver-se por debaixo da mesa, pois a pessoa é nossa conhecida. É só chamar-lhe a atenção, consoante a nossa confiança com ela ou consoante a insistência no cruzamento. E tudo isto acontece porquê? Acontece porque básicamente o que se passa é o seguinte: A malta quer cruzar a perna e quem estiver à volta que se lixe... Leva pontapés e é incomodado. Então, a moça tem de cruzar a perna e toda a gente sabe que "o que tem de ser tem muita força". E não pensem que isto é exagero, eu é que sei os nervos que eu passo à conta deste capricho pernal.

O cruzamento de perna nas mulheres está para o vizinho da frente como as pernas abertas dos homens estão para o vizinho do lado. Só que estes fazem pior, levam um encontrão, dois ou três ou mais e fecham um bocado as ditas cujas, mas aos poucos voltam ao mesmo e quando damos conta lá estão outra vez de perna aberta enquanto muitas vezes eu já vou de lado (normalmente isto acontece nos autocarros). Mas qual é o problema em fechar as pernas afinal? Ainda não percebi, mas gostava que viesse aqui um especime do sexo masculino explicar-me o que é que se passa ali. Será que receiam esborrachar alguma coisa? Outra coisa que reparo neles é que muitos levam as mãos a proteger o sitio. Das duas uma, ou têm medo que lhes caia... portanto... os... vocês sabem ou têm medo que alguma cruzadora com a perna mais longa lhes acerte lá. É que elas não olham, é cruzar e mais nada, vai tudo a eito! Nos transportes acredito que não aconteça com muita frequência pois há uma distância de segurança mas, sabe-se lá noutras ocasiões. Quer uma coisa, quer outra parecem-me tão irracionais que não fico nada admirada se numa noite de encontro romântico o perna aberta sofra vários pontapés lá, no sitio do costume, da sua amada cruzadora.

sábado, 16 de outubro de 2010

Plano para depois dos 30... e antes dos 40 #II "Conduzir"



Bom, eu espero antes dos 40 já estar a conduzir com confiança e estar a usar o carro como forma de me tornar mais independente e não como tem sido até agora, para me tornar ainda mais dependente dos outros. Uma vez que sou obrigada a ter alguém do meu lado para conseguir aprender e habituar-me à condução.

Para algumas pessoas conduzir pode até ser fácil, para mim não é, nem tido mesmo nada fácil até agora. E embora isso também se deva aos meus problemas de atenção e de visão, considero que o meu maior problema nem tem sido a condução em si, mas sim a dificuldade em arranjar quem venha comigo, quem queira ajudar-me. E vou até fazer-vos aqui um desabafo: Se houve alturas na minha vida em que me senti sozinha, esta foi com certeza uma delas. Mas... Recorrendo ao Alvim, "nós somos responsáveis por tudo o que temos e o que não temos na nossa vida". Disso não posso fugir. Se não tive muita gente a disponibilizar-se para vir comigo, se alguns vieram uma vez e desistiram e se não pude passar esta fase de aprendizagem da minha vida com amigos e de forma mais divertida e descontraída, a culpa é apenas de uma pessoa...

Só espero que até aos 40 eu resolva esse problema, juntamente com o da condução. (Mas mais tarde irei falar aqui sobre isso, sobre a necessidade de ter a arrumação da minha vida relacional como um dos meus planos mais importantes para antes dos 40!)

...levem-nos a tanga também.



Deixemo-nos de rodeios, vamos mas é directos ao assunto!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Plano para depois dos 30... e antes dos 40 #I "Dizer tudo como os malucos!"

Ora e como prometido é devido e todas as pessoas que lêem este blog (para cima de uma multidão de dois ou três) estavam à espera e como quem espera sempre alcança... Cá vai, o meu primeiro plano para colocar em prática a partir dos 30 anos. Tudo bem que só entro nesse clube em Novembro, mas não custa nada começar a pensar já nisso, afinal já não falta assim tanto.

Assim sendo, tomei uma decisão muito importante na minha vida, a partir dos 30 não mais irei esconder a minha irritação, indignação, admiração, apreço, fúria, opinião, apego, desprendimento... Enfim... acho que já perceberam. Isso das contenções é coisa para a malta nova... Para quem não chegou à "redonda" idade dos 30. Não, estou a brincar, não acho nada que ter 30 anos seja ser velha mas acho que é uma boa idade para tomar decisões, fazer mudanças em nós. É um número redondinho, é conta certa! E é tão bom fazer mudanças. Dizer: "A partir de agora serei assim..." E levar mesmo isso a cabo? Ainda melhor! Mas eu vou levar! A sério, é mesmo um projecto a que me comprometo. Vou dizer o que penso e sinto muito mais vezes! Até já comecei! E sinto-me muito bem!

Coisa profundamente irritante nº 10 - Toques na cadeira...


Se há coisa que me faz olhar de lado para alguém e até mesmo ter um impulso incontrolável para lhe gritar: "Pára com isso!!!" é darem toques na cadeira onde eu estou sentada e fazer-me sentir aquela espécie de vibraçãozinha irritante. Esse é o tipo de sensação que eu só admito, sem ter um ataque de nervos, se estiver a haver um tremor de terra, senão, não há necessidade nenhuma de a estar sentir. Por isso, tirem as mãozinhas da minha cadeira, ou os pézinhos (esta versão acontecia mais na escola, feita pelo meu colega de trás e sim já aí eu me passava completamente, até porque muitas vezes continuava a fazer o mesmo apesar das minhas várias chamadas de atenção, algumas já bem iradas).

Não sei se isto será apenas coisa minha ou se mais alguém sofre deste mal. Confesso que nunca fiz nenhuma sondagem sobre o assunto. Nem sei qual será a expressão facial de quem está a ler isto... (Admiração? Horror? Estupefação? Medo?) Mas é daquelas coisas que me irrita mesmo profundamente. Deixem a minha cadeira em paz, custa muito? É preciso continuar a ter discussões com a pessoa ao meu lado por causa deste assunto? Não se pode apoiar noutro sitio?

E depois há sempre aquelas alminhas, aquelas de que já falei anteriormente. São as que continuam a fazer isto mesmo que lhes chame a atenção e lhes mostre que não estou mesmo a gostar da atitude, elas fazem isto porque são muito divertidas. São aquelas alminhas que acham que os outros se divertem muito quando são contrariados e irritados de propósito e que essa é uma óptima estratégia para manter amizades e divertir a malta. Enfim, são pequenos detalhes...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 9 - "Há piores que nós..."




Não sei se é o caso de quem me está a ler, mas anda por aí muito boa gente, muito contente, apesar de poder ter um problema aqui e outro ali, por resolver, pois sabem que existe quem esteja pior do que elas. Não lhes interessa se estão ou não satisfeitas com a sua vida, com o seu emprego, com a vida amorosa ou seja lá com o que for ou se há algo que poderiam mudar para ficar melhor, pois a única coisa que precisam para ser felizes é de saber que existem piores que elas.

Pois para mim, esta é uma perspectiva triste e... parva. Acho bem melhor olhar para frente e dizer: Não estou mal, mas há quem esteja melhor e eu também lá hei-de chegar. Porque, quer-me cá parecer, quando deixar de ter este tipo de pensamento, "arrumo as botas". Também me faz muita confusão ter de me conformar com os meus problemas só porque há quem os tenha mais graves que eu. Não! O que eu quero é resolver os meus, é estar melhor. É cansativo não ser conformista, nunca estar satisfeita, ter sempre novos objectivos e depois de alcançados já estar a pensar noutros, mas deve ser bem mais doloroso o tédio de me sentar no sofá sem fazer nada e dar graças ao senhor por não estar tão mal como uns quantos que vêm atrás de mim. Para mim isto não só me entedia, como me irrita... profundamente!

Não fui buscar isto à toa, tive ao longo da vida de levar muitas vezes com este discurso conformista e provavelmente ainda hei-de levar mais vezes. Sempre que me fartar da vida que tenho e quiser arriscar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 8 - Telemóveis durante... amizades

Ás vezes as pessoas esquecem-se que são as suas pequenas atitudes, mais do que as grandes, que nos mostram o respeito que têm por nós. O simples facto de um amigo estar comigo num café, ESTAR mesmo, sem recurso a bengalas, tipo telemóvel em punho, demonstra que me tem respeito e que dá realmente valor à minha companhia. Ao facto de estar ali com ele (quando podia estar a fazer outra coisa qualquer, mas não o que quero é estar ali). Por oposição a isto surge uma das coisas que mais profundamente me irrita, que é estar comigo em pessoa mas estar com outra em companhia, companhia mesmo... Tipo dialogar, dar atenção.

Nunca me chateei com ninguém por causa disto, há coisas que são tão recorrentes e "naturais" que até me acanho de dizer alguma coisa (e também devido à minha fama de mau feitio - que dá sempre jeito - dar fama de mau feitio ao outro). Confesso que me tenho aguentado à bronca e esperado que a pessoa que "está" ali comigo acabe de mandar o sms ou atender a chamada... Este meu bloqueio acontece também com outra coisa profundamente irritante e ainda mais ofensiva do que esta, que é brincar quando estou a falar a sério. Mais tarde também isso surgirá aqui, como não poderia deixar de ser.

Mas tudo isto vai mudar, porque vou lançar aqui em breve uma nova categoria: Planos para depois dos 30... e antes dos 40! e um desses planos vai ser: ... suspense... Dizer tudo como os malucos! É verdade, planeio para depois dos 30 não mais conter a minha irritação, e deitar tudo cá para fora (a fama de mau feitio irá de certeza aumentar!). Mas isto, estes planos maravilhosos para o futuro, fica para depois, para outra "posta". Para já, aqui deixo esta coisa irritante que os amigos às vezes nos fazem, talvez sem má intenção, mas que não deixa de ser irritante. Chego mesmo a conter a vontade de dizer "Se querias estar com essa pessoa, para que me fizeste perder tempo? Tenho muitas outras coisas que poderia estar a fazer: ver um filme, ler um livro, apagar as luzes e ver o Tejo da minha janela..." Afinal, amigo não empata não empata amigo, não é verdade?

NOTA FINAL: Esta coisa profundamente irritante tem para mim uma particularidade e aqui deixo esta confissão: Também eu fazia isto aos outros mas depois chamaram-me a atenção e eu corrigi-me! Meto isto em letras pequenas como se faz em publicidade que é para ver se ninguém lê!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...o Alvim inspira-se e nós também

"Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de impossibilitar o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém — e estou a escrever para os que gostam — vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante do que nós." Escreve muito bem o Fernando Alvim.

Isto é uma grande verdade! E é preciso mentalizarmos desta verdade em ambos os sentidos: Se não nos respondem às mensagens é porque se calhar não estão assim tão interessados em nós mas, se não nos apetece responder às mensagens que nos enviam é porque se calhar também não estamos lá muito interessados. Porque quando gostamos ansiamos por um contacto. Boa Alvim! Mais uma vez...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 7 - Morcegos... académicos




No ínicio de cada ano lectivo, é vê-los a pairar nos céus... perdão, nas faculdades.

Nos céus são os outros, os animais, mas esses são úteis, entre outras coisas servem para dispersar sementes de árvores e outras plantas a longa distância, a saliva do morcego vampiro comum tem forte acção anticoagulante, comem traças e com isso ajudam na conservação de livros em bibliotecas. Estes de que falo não servem para nada, a não ser para andar por aí a pôr penicos na cabeça dos chamados caloiros e outras actividades extremamentes divertidas e úteis à sociedade. Provávelmente quanto muito comem os livros das bibliotecas quando estão pianchos. Resta saber destes estudantes tão aplicados e cheios de sentido de humor, quantos estudam e tiram notas de jeito, quantos vão querer realmente trabalhar quando acabarem esta fantochada... perdão, este curso, quantos são ou se preparam para ser pessoas bem formadas e competentes. Enfim... Se tivessem de trabalhar enquanto frequentam a universidade não tinham tempo nem cabeça para estar a pensar na parvoíce a fazer no dia seguinte aos caloiros e futuros morcegos. Podiam se afirmar com coisas úteis, como por exemplo trabalhando enquanto estudam para ser mais fácil depois entrar no mercado de trabalho quando findado o curso. Não isso não, isso cansa muito.

Infelizmente para mim que detesto desde a farda feia e escura e com semelhanças a morcegos, até todas aquelas praxes, da mais parva à mais estúpida, trabalho numa faculdade onde isto é uma prática comum nesta altura do ano. Não sei descrever o que me vai na alma cada vez que passo por estes morcegos com ar muito sério, de quem está fazer coisas extremamente uteis e de quem é gente só por estar vestido daquela maneira. Têm esta fase da vida para ser os machos alfa, para poder dominar alguém, tratar como quiser (pois isto é pura diversão), porque depois sabe-se lá. Consegui escapar a esta palhaçada na faculdade onde estudei e onde me preparava já para recusar todo e qualquer tipo de praxe, como fiz no secundário. Nunca quis nem quero participar em tal coisa, nem quero praxar nem ser praxada. E agora tinha de me calhar isto! É que basta só vê-los ao longe para que aquilo que sinto ultrapasse bem mais o estado de profundamente irritada!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 6 - Pessoas que fazem auto-propaganda...

"Gaba-te, cesta, que vais à vindima!"

Há por aí muita gente que se vende a toda a hora, a toda a gente, sem ninguém lhes pedir nada, nem ter qualquer intenção de os comprar. Mas tanto insistem em dizer que são fantásticos, óptimos amigos, pessoas sensíveis e engraçadas e o que mais lhes venha à mona... Que nós pensamos: "Bom, se insiste tanto é porque se calhar até é verdade". Mas não, nunca é, é sempre banha da cobra e publicidade enganosa e da grande! A única coisa que conseguem com toda esta gabarulice é fazer os outros perder tempo até chegar à conclusão que não valiam um chavo (e isso às vezes pode demorar um bocadinho...) e só mesmo eles é que se acham assim tão virtuosos (ou pelo menos transmitem essa ideia aos outros, porque se calhar nem mesmo eles acham isso). Talvez pareça realmente "lixada" com esta malta e é verdade. Esta é das minhas coisas profundamente irritantes favoritas!

O ditado popular descobri-o ontem, já tinha ouvido algures mas só agora prestei atenção e achei engraçado que houvesse uma forma tão popular para nos referirmos a esta gente: "Gaba-te, cesta, que vais à vindima!"

A conclusão a que cheguei nos últimos tempos em relação a estes cestos auto-propagantes é que quem diz que é muito nosso amigo, é quem é menos, é quem está extremamente ocupado quando mais precisamos de alguém, quem diz que é muito boa pessoa, é quem tem o pior fundo, quem diz que é muito bem formado é quem depois é uma "cavalgadura" com os outros à volta. E poderia dar aqui muitos outros exemplos que me apercebi por experiência própria. Cheguei até à conclusão que existe um outro tipo de auto-propaganda inverso e também enganoso, de pessoas inseguras que se desvalorizam mas depois dão fortes provas de serem grandes pessoas. E descobri então que a melhor forma de vermos quem temos à volta é reparando nos pequenos pormenores, nos gestos "insignificantes", aqueles que não controlamos (para iludir os outros) e que quando comecei a usar essa estratégia me apercebi que tinha tudo trocado, os melhores amigos em 2º plano e os piores em 1º. E tudo porquê? Auto-propaganda... É mais fácil guiarmo-nos por ela, ou melhor, deixarmo-nos levar por ela. Quer queiramos quer não, estes são os cestos que se vendem melhor na altura das vindimas!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

...viciei-me no "Fantasma da ópera"

Não resisto a partilhar este video aqui. Primeiro porque vi o musical em Londres e fiquei maravilhada (e viciada), é lindissimo, a conjugação da história de Gaston Leroux com a música de Andrew Lloyd Webber ficou espectacular, sem qualquer exagero e depois porque os Nightwish pegaram nesta música e fizeram uma excelente versão, muito bem conseguida, também graças às suas vozes. As imagens do filme (que ainda não vi mas está quase!) também ajudaram a viciar-me neste video. Quem fez o casting para o filme, deve ser da minha opinião e adorar a personagem do Fantasma, tendo em conta a recriação que fez dele (o mais bonito que vi até agora). Já no musical era o que tinha a voz mais bonita... Que rica voz fantasmagórica!

Planos para o futuro: voltar a Londres e ver a sequela: Love never dies! Até lá é ver o video mais umas quantas vezes ao dia e o filme... Será que também é viciante?

Coisa profundamente irritante nº 5 - Pessoas que cantam... quando devem estar em silêncio!

Eis uma coisa que me irrita profundamente desde sempre. Estar a ouvir uma música e a pessoa ao meu lado estar a cantarolá-la. É acima de tudo uma coisa que não me faz sentido nenhum e por mais que me controle é dificil não ter vontade de lhe dar, sei lá... um murro?

Alguém que me ajude a perceber isto: Eu estou com uma pessoa (vá lá por exemplo, num carro...) e de repente começa a dar uma música que eu comento que gosto e a pessoa que vai comigo de repente começa a cantá-la. Esperem lá, mas o que é que naquilo que disse a fez pensar que a queria ouvir cantar? Ou que eu queria deixar de ouvir a música que acabei de dizer que gosto, para ouvir a sua voz, seja qual for a sua qualidade, até pode ser tenor, O QUE EU QUERO É OUVIR A MÚSICA!!!

O primeiro pensamento que me ocorre é: "quem me mandou dizer que gostava, haveria hipotese de ter ficado calada se não o tivesse feito", depois ocorre "e agora o que faço para se calar?" e ainda: "Desisto... e ouço em casa se tiver para lá a música". Normalmente, se tiver confiança com a pessoa mando-a calar e resolve-se facilmente a questão. Depois se for inteligente e perceber que as relações se mantêm apoiadas em respeito (e estes pequenos gestos são uma forma de o demostrar) mantem-se em silêncio e deixa ouvir, se for uma pessoa parva (elas andam aí e é dificil fugir-lhes!) continua pois normalmente estas pessoas acham que irritar os amigos ou colegas é uma óptima maneira de manter uma relação (mais tarde falarei destas pessoas que acham que ao irritarem os outros, eles se estão a divertir muito e vão continuar a querer estar com elas...).

Pode parecer uma coisa mínima para grande parte das pessoas, mas para mim é realmente importante, porque adoro música, adoro ouvir com atenção as músicasa que gosto e ter alguém a cantar por cima, acreditem é das coisas mais profundamente irritantes que me podem fazer!

...aparecem assim uns textos sobre touradas

Não costumo colocar aqui textos de outras pessoas, mas este chamou-me a atenção. Trata-se de uma analogia das tourada com as relações humanas feita pela escritora Clara Feldeman, no seu livro "Encontro" e encontrei-o no site Pensamento em família

Ela assinala que na tourada entre as pessoas, uma delas tem o estranho prazer de cravar bandarilhas no peito da outra. As suas hastes pontiagudas aparecem na forma (subtil ou escancarada) de críticas, ofensas agressões verbais (às vezes físicas), sarcasmo, ironias; desrespeitos, competições, deslealdades. (…) mensagens verbais e não verbais que perfuram, abrem feridas(…) entre uma estocada e outra, uma carícia (…) como barata que morde e sopra. (…) há também a inversão dos papéis: em que o toureiro se transforma em touro e vice-versa, numa alternância doentia sem fim.

A responsabilidade de escolha é de cada um dos envolvidos. ”Não estamos na arena, famintos e ofuscados pela luz do sol (…) Não existe, para nós, a inevitabilidade da morte o touro, (…) temos a força e a sabedoria para escolhermos o melhor: arrancar as bandarilhas, para , enfim viver.

Pense nisto…


Este texto vem um pouco no seguimento do que disse na minha entrada anterior, na coisa extremamente irritante nº 4. Para além disso achei interessante por ser mais uma boa forma de nos fazer sentir um pouco daquilo que um touro poderá sentir na arena, durante esse "espectáculo" degradante (principalmente para "nós", pessoas que assistimos e aplaudimos aquilo), que são as touradas. Não vou agora aqui dar a minha opinião sobre as mesmas, apenas digo que sou contra, mas acho que há coisas piores para os animais e não vejo grandes preocupações, como jardim zoológicos, animais domesticados em casas minúsculas, sem falar nos casos em que acabam por ser abandonados e acho também que em certas situações será preciso usar outros métodos que não o acabar repentinamente com um "ritual" que poderá ter uma enorme importância na cultura dessas pessoas que particpam nele e acabar por gerar conflitos graves. Eles (adeptos das touradas) podem estar errados em muita coisa mas nós, que somos contra, não somos os donos da razão, nem somos Deuses...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Coisa profundamente irritante nº 4 - Pessoas que nos fazem lembrar a Perestroika

Quem são estas pessoas? São pessoas que se assemelham a fenómenos sem explicação, pois é isso que elas próprias são, um fenómeno sem qualquer explicação ou lógica. Esta associação não é de minha autoria mas tem a minha aprovação... E pode ser usada como uma espécie de código...

Quais as suas características? São profundamente irritantes, por serem profundamente mal educadas e mal formadas e sem qualquer consideração pelos sentimentos alheios. Mas se lhes perguntarmos... Não, são pessoas de grande personalidade que não se deixam ficar e respondem sempre à letra, mesmo quando apenas estejamos a ser simpáticos com elas e recebamos em troca uma resposta rude e fria. São pessoas que não cedem e prejudicam os outros mas acham isso bonito pois demonstra um grande carácter. De personalidade forte não têm nada, apenas rudez... O problema é que existe uma grande confusão entre personalidade forte e má formação, tal como existe entre falta de personalidade e bom feitio (se é que isto existe). E estas petrestoikas usam-se bem disso.

Pela parte que me toca não tenciono perder muito tempo com elas. Educação apenas terei de me preocupar com a dos meus filhos se um dia os tiver (e cada vez me apercebo mais da importância que esta tem no formação do seu carácter e no seu futuro enquanto amigo, profissional, familiar, em tudo). Eu a estas pessoas apenas tenho uma coisa a dizer... Adeuzinho, sê muito feliz mas bem longe!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Coisa profundamente irritante nº 3 - Telemóveis durante espectáculos



Fico com a ideia de que as pessoas que consultam o seu inseparável telemóvel durante espectáculos em salas ou filmes no cinema, pensam que o estão a fazer de forma muito discreta. Não devem saber que estando eles na plateia e havendo pessoas nos balcões acima, aquilo acaba muitas vezes por chamar mais a atenção que o espectáculo em si. Para além de que… é estúpido. Para quê estar a mandar mensagens durante um filme ou um espectáculo? Para isso ficavam em casa… Ou iam para o café falar com essa pessoa. Em vez de estar a criar esta poluição visual e a desviar a atenção do que é realmente importante. Parece sempre que o recinto está cheio de pirilampos e não foi concerteza para esse tipo de espectáculo que eu paguei bilhete.

Mas este utensílio electrónico e tão comunicativo consegue ser usado para incomodar e irritar profundamente as pessoas à sua volta mesmo em espectáculos ao ar livre e de rock e mesmo sem estar “alturamente” falando, acima (eu dificilmente fico acima de alguém quando estou em plateias de pé!) Como? Com as filmagens e com as fotografias, (principalmente com flash, essas cumprem melhor a sua função de irritar profundamente o próximo, mas é que é mesmo o próximo, porque quanto mais próximo mais irritante). Mas há pessoas para as quais é completamente impossível assistir a um concerto sem o filmar. Porquê? Não sei. Eu quando vou a um concerto é para ver uma banda ao vivo, não através do ecrã do telemóvel ou da máquina fotográfica. E não me interessa rever o concerto no futuro, interessa-me vivê-lo no presente.

Não há outro remédio, tenho de aceitar que existe uma nova forma de “curtir” a música, filmando e fotografando como se não houvesse amanhã e uma nova forma de ver filmes, teatros, musicais, óperas… Que é não ligando nenhuma e estando concentrando em pirilamparar as salas. E nós que não aderimos à coisa é que nos lixamos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Coisa profundamente irritante nº 2 - Transitar nos passeios

Ora toda a gente sabe que andar a pé no meio da estrada faz mal à saúde... Quer por causa dos sustos das buzinadelas, quer devido às consequências de levar com um carro em cima, quer por outras situações igualmente drásticas. Sendo assim, criou-se aquela bela coisa chamada de passeio! Excelente ideia! Só que eu pessoalmente continuo a preferir andar a pé no meio da estrada, porque andar nos passeios é quase como andar na selva. E eu não me sinto preparada para isso, talvez fosse melhor frequentar um curso onde ensinassem a fazê-lo. Eu tento, mas quando dou por mim já estou outra vez no meio da estrada.

Primeiro, cocó de cão... temos de estar sempre atentos! E eu não sou uma pessoa muito atenta, ando sempre a pensar no dia de ontem. Ainda se fosse verdade aquilo de dar dinheiro, mas não me parece.

No entanto, para mim este é o menor dos males, uma vez que os cães nós consideramos irracionais, mas e os racionais? O que os racionais fazem é que é mesmo profundamente irritante. Daí ter deixado para o fim, é sempre bom deixar o melhor para o fim! Os racionais ocupam o suposto espaço dos peões com os seus automóveis, porque se deixarem no meio da estrada, os outros automóveis não passam. E eu, como é que passo? E eu desloco-me pelas próprias pernas e quem não se desloca, como é que passa?

E as escarretas? Conseguirei eu continuar o meu percurso pelo passeio depois de um senhor extremamente delicado ter lançado nele uma valente escarreta mesmo à minha frente? Ou preferirei eu o risco da estrada? E as pessoas paradas no meio do nosso caminho a falar sobre a vida (delas mas principalmente sobre a dos outros/as)? E os homens à porta dos cafés, que ficam a olhar com cara de parvos (não têm outra é verdade) e a mandar bocas quando nós temos de passar por eles? E as pessoas que estão a lavar a escada e despejam a água cheia de detergente no passeio? E o carteiro lá da rua que deixa o carrinho das cartas entre o carro estacionado em cima do passeio e a parede, e eu se quiser que passe por cima?

Não me venham dizer que não é preciso ter estado na guerra para conseguir andar nos passeios, não me venham dizer que não somos obrigados a andar no meio da estrada, correndo os sérios riscos que atrás referi, porque andar nos passeios é realmente uma coisa profundamente irritante!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Coisa profundamente irritante nº 1 - Pessoas que se sentam no banco do lado de dentro nos autocarros


Ora cá está a coisa irritante que inaugura esta nova secção do “E vai na volta”. Foi esta a situação que me inspirou. É que é mesmo irritante, de tirar a pessoa do sério.

Porque será que as pessoas passaram a ter medo de estar à janela nos autocarros? Será que receiam um ataque terrorista? Será do ar condicionado? Mas mesmo estando no lado de dentro levam com ele nas ventas! Ainda pus a hipótese de estarem quase a sair, mas depois cheguei à profundamente irritante conclusão que saiam sempre ou na mesma paragem que eu ou depois! Também poderá ser egoísmo, e este ser um dos pequenos gestos que revelam não querer saber dos outros para nada, nem lhes querer facilitar a vida ou então estarmos cada vez mais anti-sociais e esta ser uma forma de estarmos seguros de que ninguém se senta ao seu lado, de que não há grandes contactos, não vá quem procura um lugar estar a cheirar mal ou querer meter conversa… Era preciso uma análise profunda, com inquéritos, histórias de vida, para perceber o que lhes vai na mona.

Para já o que eu sei é que graças a este novo hábito, acabo sempre por ir até ao último banco, até encontrar uma alminha do céu que esteja sentada no lado da janela. Ou então, prefirir mesmo ir de pé. Não há pachorra para estar sempre a pedir licença, para sentar e para sair. Que de manhã não estou também para todos esses diálogos. Vou de pé é verdade mas claro, profundamente irritada!

...contamos 365 coisas profundamente irritantes (mais coisa menos coisa)

Surgiu em tempos um blog chamado "365 coisas que posso fazer...
... para diminuir a minha pegada ecológica". Adorei a ideia, fez realmente sugestões muito interessantes e úteis e acho que vale a pena visitar o blog: http://365coisasquepossofazer.blogspot.com/ . Agora decidi adaptar a ideia a um outro conceito:
365 coisas profundamente irritantes! Pois eu acredito que todos os dias conseguiria nomear uma coisa que acho profundamente irritante. Mas não vou fazer a coisa assim, vou pondo aqui conforme me lembrar. Posso não chegar às 365 mas não andarei muito longe!

domingo, 14 de março de 2010

...acho piada a certas notícias. Acho piada, pronto.

Adorei esta notícia e decidi partilhar!

PSD: Aprovada a chamada “lei da rolha”



Foi aprovada a alteração ao regime de sanções interno proposta por Pedro Santana Lopes, já conhecida como “lei da rolha”. As outras duas propostas de alteração estatutária foram rejeitadas.

Não haverá eleições directas em congresso, como sugeriu Santana Lopes, mas nos 60 dias antecedentes dos actos eleitorais, os militantes sociais-democratas não poderão emitir opiniões contra o líder do partido.

A votação desta proposta não foi, contudo, isenta de confusão, tendo sido primeiro rejeitada e apenas depois aprovada. Tudo, devido a uma “má matemática” do presidente da mesa do congresso, Rui Machete.

Logo no início das votações, Machete anunciou que, para que as propostas fossem aprovadas por maioria qualificada de três quintos, teriam de obter 368 votos a favor (presentes em Mafra estavam 613 delegados).

Na contagem de braços no ar, a proposta de Santana Lopes foi primeiro dada como rejeitada, uma vez que obteve 352 votos a favor. Logo depois, foram feitas novas contas e novos somatórios e Rui Machete deu a “lei da rolha” como aprovada.

“A minha interpretação do ponto de vista jurídico está correcta, a matemática é que está errada”, justificou-se.

Esta "lei da rolha" é aprovada por Manuela Ferreira Leite, a ainda líder do partido.


Ah e tal, somos os Sociais DEMOCRATAS mas isto de deixar andar os outros para aí a opinar nem sempre dá jeito... Mete-se uma rolha e está a andar! Mas eu até compreendo, é dificil resistir à tentação da ditadura. Uma pessoa a trabalhar e os outros a criticar, mesmo que só façamos porcaria. Que o diga o também militante DEMOCRÁTICO, Alberto João Jardim e até o nosso presidente, autor da excelente frase "Deixem-me trabalhar!" Tinha dado jeito calar o pessoal nessa altura de aperto.

Haja coerência! Afinal já a líder Manuela Ferreira Leite tinha dito há tempos que uma ditadura de 6 meses dava jeitinho. Bem pelo menos assim com esta lei já se livram de algumas "annoying oranges"! Já é qualquer coisinha. E não, não vou falar de matemática...

A notícia foi copiada do site da Renascência, o link para ler a notícia na integra é http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=94&did=95478

segunda-feira, 1 de março de 2010

...as coisas acontecem... conforme previstas.

Crónica de uma catástrofe anunciada.

Afinal o que aconteceu na Madeira no passado dia 20 de Fevereiro e que nos deixou a todos surpreendidos e horrorizados, havia sido previsto dois anos antes. Não haveria tempo para evitar o tamanho das consequências? Não teria dado para criar um plano de emergência que salvasse grande parte das vidas que entretanto se perderam?

Não sei. Mas sei que vale a pena ver esta reportagem transmitida em Abril de 2008 na RTP2, no programa Biosfera:

sábado, 27 de fevereiro de 2010

...vamos nos libertando.



"O livro da história da nossa vida é feito das páginas que voltámos para trás". Fui eu que um dia escrevi esta frase. No tempo em que ainda desabafava em poemas e numa fase de grande mudança.

Hoje decidi rebuscar esta frase na sequência de uma frase que estava no Facebook (ai as novas tecnologias a mudar a nossa vida), referindo o quão dificeis são as despedidas mas que são elas que muitas vezes trazem a renovação necessária à nossa vida.

Sabemos que em alguns casos, afastarmo-nos de certas pessoas é quase como superar a ressaca de deixar uma droga. Fica um vazio imenso, mas com a experiência vamos sabendo que no final compensa, quando falamos de relações que não resultam e que sem nos apercebermos (devido ao maldito encantamento) estão a prejudicar a nossa caminhada. O pior é sair desse encantamento, é conseguirmos que aconteça aquele "clic" que nos faça acordar da hipnose. Uma vez conseguido, abrimos os olhos e acordamos finalmente para a realidade. No final superada a desilusão, ultrapassadas as saudades, renovadas as relações, saimos como novos, mais crescidos e mais aliviados. Valeu a pena! A vida continua...

"Eu sei que um dia vou chegar à conclusão que foi melhor assim, vou deixar de sofrer, mas só que neste momento só me apetece morrer..." Eu sei que é uma frase dramática, mas há certas separações que doem para caraças! Foi há uns anos e hoje já deixei de sofrer. E foi realmente melhor assim. É preferível aquela dor da separação do que arrastar eternamente uma amizade ou um namoro, o que quer que seja, que não traga nada de últil à nossa vida. Até hoje não me arrependi de nenhum rompimento brusco ou afastamento gradual. Se surgiu foi porque houve desilusão, se houve desilusão não valia a pena continuar... É que por cada espaço vago que fica, outras pessoas aparecerão, e nem nos apercebemos do que estamos a perder.

Comigo cada vez mais... Bola para frente!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

...avatamos e nem sabemos

Fui ver o Avatar! Achei que devia de ser original... Pronto já sei, não fui nada original... Mas ao menos sou uma das poucas pessoas que não o viu em 3D, ah pois é! E pus óculos e tudo! Mas só serviram para me fazer ver a imagem pior, mais escura e magoar as orelhas, porque coisas tridimensionais nem vê-las!

Dimensões à parte, não achei grande piada ao filme. Não me tocou por aí além. A história não tráz nada de novo e os cenários, talvez devido à ausência tridimensional da coisa, não me entusiasmaram por aí além. Mas tem uma mensagem interessante: As pessoas choram muito por cenários feitos a computador, criaturas azuis de olhos amarelos e orelhas bicudas mas estão-se nas tintas para as florestas e para os povos indigenas que foram e ainda hoje estão a ser dizimados. É muito curioso e faz lembrar a questão dos dinossauros. Eu explico! Eu detesto dinossauros (e nunca estive com nenhum). Porquê? Porque metemos as nossas crianças a brincar com bonecos deles, a ver filmes sobre eles, etc. e não queremos saber para nada dos animais que ainda existem e que os nossos filhos poderiam vir a ajudar a salvar da extinção, se soubessem que espécies são, ou como caçam e vivem, tal como sabem em relação aos dinossauros, só que estes não existem e a sabedoria dos nossos filhos sobre eles de pouco ou nada serve comparada com a utilidade da sabedoria que deviam ter sobre os animais que ainda... mexem... e precisam de ajuda.

Portanto o Avatar põe em evidência esta adoração e comoção que temos por coisas que não existem, que nunca existiram ou que deixaram de existir, mas que se assemelham a coisas reais pelas quais não temos grande empatia. Porque não choramos pelos povos africanos ou pelos povos índios como chorámos pelos Navi? Porque não choramos pela destruição da Amazónia como pela destruição de Pandora? Oh a madeira até dá jeito! E viver em sociedades consumistas também. Quem é que quer saber daquelas sociedades atrasadas que vivem de acordo com a natureza, em harmonia com os outros animais? Isso é muito bom mas é em Pandora! Para vermos com os óculos 3D, até parece real! Menos a mim, que só me magoam as orelhas...

Esta é para mim a grande qualidade do filme "Avatar", tentar chegar áqueles que acham que aquele enredo existe no cinema e que na realidade aquilo não acontece ou se calhar acontece mas ninguém quer saber disso para nada. Consumir dá jeito.

Pode ser que o filme consiga cumprir essa missão, a de chegar aos mais "dificeis". E já é uma grande missão, das mais importantes talvez. Quer-me cá parecer.


...vejo que a internet serve também para realçar a parvoíce que há em nós


A internet realça muita coisa. E a parvoíce é uma delas.

Sempre achei parvo que por cada vez que uma pessoa cai publicamente, a pessoa ao meu lado se tivesse de desatar a rir, chegando mesmo a ter de fazer uma paragem na nossa conversa (normalmente extremamente interessante...) para que despache a coisa, e olhem que às vezes ainda leva um bocado. Depois ainda há aquelas alturas em que vejo a queda mas não me apercebo da reacção, e só quando olho para o lado é que reparo que estive a falar para o boneco, pois o meu interlocutor esteve todo o tempo a rir-se intensamente da queda alheia. Eh pa, que os outros se riam, ainda vá, agora é preciso que a pessoa com que estou a falar seja um deles, não haverá cumprimidos para isto? E se lhe der uma chapada, será que se acalma? (Penso eu naquele momento). Bom, todo este sofrimento vivido pessoalmente e ao vivo transpôs-se para a internet!

Parece que o Pedro Abrunhosa durante um programa de televisão tropeçou e estratelou-se no chão. Claro, passou logo para o Youtube e... advinhem lá, criaram um até grupo no Facebook. Ah os grupos do Facebook! Um dia falamos aqui sobre esse assunto! Bom, sabemos que falamos de um dos nossos grandes músicos, mas é O momento de parvoíce e ninguém quer saber disso, o que interessa é que não pode ser deixado passar em claro, é uma queda, temos todos de rir muito! E por isso, por ser uma situação completamente hilariante, claro, que também já circula por e-mail (só espero que não me enviem, por favor poupem-me!).

Aqui entre nós que ninguém nos lê... Em relação ao video, pessoalmente acho bem mais hilariante a maneira como o apresentador corre para ajudar o Pedro Abrunhosa, que mais parece uma bailarina impestada de pulgas. (Mas isso sou eu que tenho um sentido de humor estranho e nunca me consegui rir de quedas! É uma falha minha).

...chega um novo blog a este mundo!

É verdade! Finalmente o sonho de toda a gente, vá lá, algumas pessoas, pronto, o meu, realizou-se! A Sara Gomes tem um novo blog!

Por razões pessoais e intransmissíveis, tive de deixar o meu antigo blog e vir de malas e... ideias, para esta nova casa. Mas, o outro, o antigo, o de sempre, lá continuará, pairando no cybermundo! Mas agora é vida nova, blog novo! Sim há muita coisa nova na minha vida e se tudo correr bem, muita coisa virá agora na sua continuação. Que o blog seja um bom sinal disso mesmo. Porque não? Não, não vou partilhar aqui a minha vida, nem contar nada a meu respeito, vou falar sobre ideias, opiniões, sempre de forma bastante séria, ou pelos, às vezes... Mas se quiserem podem deixar comentários sobre a vossa vida pessoal, um bocado de codrelhice nunca matou ninguém!