terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 9 - "Há piores que nós..."




Não sei se é o caso de quem me está a ler, mas anda por aí muito boa gente, muito contente, apesar de poder ter um problema aqui e outro ali, por resolver, pois sabem que existe quem esteja pior do que elas. Não lhes interessa se estão ou não satisfeitas com a sua vida, com o seu emprego, com a vida amorosa ou seja lá com o que for ou se há algo que poderiam mudar para ficar melhor, pois a única coisa que precisam para ser felizes é de saber que existem piores que elas.

Pois para mim, esta é uma perspectiva triste e... parva. Acho bem melhor olhar para frente e dizer: Não estou mal, mas há quem esteja melhor e eu também lá hei-de chegar. Porque, quer-me cá parecer, quando deixar de ter este tipo de pensamento, "arrumo as botas". Também me faz muita confusão ter de me conformar com os meus problemas só porque há quem os tenha mais graves que eu. Não! O que eu quero é resolver os meus, é estar melhor. É cansativo não ser conformista, nunca estar satisfeita, ter sempre novos objectivos e depois de alcançados já estar a pensar noutros, mas deve ser bem mais doloroso o tédio de me sentar no sofá sem fazer nada e dar graças ao senhor por não estar tão mal como uns quantos que vêm atrás de mim. Para mim isto não só me entedia, como me irrita... profundamente!

Não fui buscar isto à toa, tive ao longo da vida de levar muitas vezes com este discurso conformista e provavelmente ainda hei-de levar mais vezes. Sempre que me fartar da vida que tenho e quiser arriscar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 8 - Telemóveis durante... amizades

Ás vezes as pessoas esquecem-se que são as suas pequenas atitudes, mais do que as grandes, que nos mostram o respeito que têm por nós. O simples facto de um amigo estar comigo num café, ESTAR mesmo, sem recurso a bengalas, tipo telemóvel em punho, demonstra que me tem respeito e que dá realmente valor à minha companhia. Ao facto de estar ali com ele (quando podia estar a fazer outra coisa qualquer, mas não o que quero é estar ali). Por oposição a isto surge uma das coisas que mais profundamente me irrita, que é estar comigo em pessoa mas estar com outra em companhia, companhia mesmo... Tipo dialogar, dar atenção.

Nunca me chateei com ninguém por causa disto, há coisas que são tão recorrentes e "naturais" que até me acanho de dizer alguma coisa (e também devido à minha fama de mau feitio - que dá sempre jeito - dar fama de mau feitio ao outro). Confesso que me tenho aguentado à bronca e esperado que a pessoa que "está" ali comigo acabe de mandar o sms ou atender a chamada... Este meu bloqueio acontece também com outra coisa profundamente irritante e ainda mais ofensiva do que esta, que é brincar quando estou a falar a sério. Mais tarde também isso surgirá aqui, como não poderia deixar de ser.

Mas tudo isto vai mudar, porque vou lançar aqui em breve uma nova categoria: Planos para depois dos 30... e antes dos 40! e um desses planos vai ser: ... suspense... Dizer tudo como os malucos! É verdade, planeio para depois dos 30 não mais conter a minha irritação, e deitar tudo cá para fora (a fama de mau feitio irá de certeza aumentar!). Mas isto, estes planos maravilhosos para o futuro, fica para depois, para outra "posta". Para já, aqui deixo esta coisa irritante que os amigos às vezes nos fazem, talvez sem má intenção, mas que não deixa de ser irritante. Chego mesmo a conter a vontade de dizer "Se querias estar com essa pessoa, para que me fizeste perder tempo? Tenho muitas outras coisas que poderia estar a fazer: ver um filme, ler um livro, apagar as luzes e ver o Tejo da minha janela..." Afinal, amigo não empata não empata amigo, não é verdade?

NOTA FINAL: Esta coisa profundamente irritante tem para mim uma particularidade e aqui deixo esta confissão: Também eu fazia isto aos outros mas depois chamaram-me a atenção e eu corrigi-me! Meto isto em letras pequenas como se faz em publicidade que é para ver se ninguém lê!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...o Alvim inspira-se e nós também

"Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de impossibilitar o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém — e estou a escrever para os que gostam — vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante do que nós." Escreve muito bem o Fernando Alvim.

Isto é uma grande verdade! E é preciso mentalizarmos desta verdade em ambos os sentidos: Se não nos respondem às mensagens é porque se calhar não estão assim tão interessados em nós mas, se não nos apetece responder às mensagens que nos enviam é porque se calhar também não estamos lá muito interessados. Porque quando gostamos ansiamos por um contacto. Boa Alvim! Mais uma vez...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 7 - Morcegos... académicos




No ínicio de cada ano lectivo, é vê-los a pairar nos céus... perdão, nas faculdades.

Nos céus são os outros, os animais, mas esses são úteis, entre outras coisas servem para dispersar sementes de árvores e outras plantas a longa distância, a saliva do morcego vampiro comum tem forte acção anticoagulante, comem traças e com isso ajudam na conservação de livros em bibliotecas. Estes de que falo não servem para nada, a não ser para andar por aí a pôr penicos na cabeça dos chamados caloiros e outras actividades extremamentes divertidas e úteis à sociedade. Provávelmente quanto muito comem os livros das bibliotecas quando estão pianchos. Resta saber destes estudantes tão aplicados e cheios de sentido de humor, quantos estudam e tiram notas de jeito, quantos vão querer realmente trabalhar quando acabarem esta fantochada... perdão, este curso, quantos são ou se preparam para ser pessoas bem formadas e competentes. Enfim... Se tivessem de trabalhar enquanto frequentam a universidade não tinham tempo nem cabeça para estar a pensar na parvoíce a fazer no dia seguinte aos caloiros e futuros morcegos. Podiam se afirmar com coisas úteis, como por exemplo trabalhando enquanto estudam para ser mais fácil depois entrar no mercado de trabalho quando findado o curso. Não isso não, isso cansa muito.

Infelizmente para mim que detesto desde a farda feia e escura e com semelhanças a morcegos, até todas aquelas praxes, da mais parva à mais estúpida, trabalho numa faculdade onde isto é uma prática comum nesta altura do ano. Não sei descrever o que me vai na alma cada vez que passo por estes morcegos com ar muito sério, de quem está fazer coisas extremamente uteis e de quem é gente só por estar vestido daquela maneira. Têm esta fase da vida para ser os machos alfa, para poder dominar alguém, tratar como quiser (pois isto é pura diversão), porque depois sabe-se lá. Consegui escapar a esta palhaçada na faculdade onde estudei e onde me preparava já para recusar todo e qualquer tipo de praxe, como fiz no secundário. Nunca quis nem quero participar em tal coisa, nem quero praxar nem ser praxada. E agora tinha de me calhar isto! É que basta só vê-los ao longe para que aquilo que sinto ultrapasse bem mais o estado de profundamente irritada!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Coisa profundamente irritante nº 6 - Pessoas que fazem auto-propaganda...

"Gaba-te, cesta, que vais à vindima!"

Há por aí muita gente que se vende a toda a hora, a toda a gente, sem ninguém lhes pedir nada, nem ter qualquer intenção de os comprar. Mas tanto insistem em dizer que são fantásticos, óptimos amigos, pessoas sensíveis e engraçadas e o que mais lhes venha à mona... Que nós pensamos: "Bom, se insiste tanto é porque se calhar até é verdade". Mas não, nunca é, é sempre banha da cobra e publicidade enganosa e da grande! A única coisa que conseguem com toda esta gabarulice é fazer os outros perder tempo até chegar à conclusão que não valiam um chavo (e isso às vezes pode demorar um bocadinho...) e só mesmo eles é que se acham assim tão virtuosos (ou pelo menos transmitem essa ideia aos outros, porque se calhar nem mesmo eles acham isso). Talvez pareça realmente "lixada" com esta malta e é verdade. Esta é das minhas coisas profundamente irritantes favoritas!

O ditado popular descobri-o ontem, já tinha ouvido algures mas só agora prestei atenção e achei engraçado que houvesse uma forma tão popular para nos referirmos a esta gente: "Gaba-te, cesta, que vais à vindima!"

A conclusão a que cheguei nos últimos tempos em relação a estes cestos auto-propagantes é que quem diz que é muito nosso amigo, é quem é menos, é quem está extremamente ocupado quando mais precisamos de alguém, quem diz que é muito boa pessoa, é quem tem o pior fundo, quem diz que é muito bem formado é quem depois é uma "cavalgadura" com os outros à volta. E poderia dar aqui muitos outros exemplos que me apercebi por experiência própria. Cheguei até à conclusão que existe um outro tipo de auto-propaganda inverso e também enganoso, de pessoas inseguras que se desvalorizam mas depois dão fortes provas de serem grandes pessoas. E descobri então que a melhor forma de vermos quem temos à volta é reparando nos pequenos pormenores, nos gestos "insignificantes", aqueles que não controlamos (para iludir os outros) e que quando comecei a usar essa estratégia me apercebi que tinha tudo trocado, os melhores amigos em 2º plano e os piores em 1º. E tudo porquê? Auto-propaganda... É mais fácil guiarmo-nos por ela, ou melhor, deixarmo-nos levar por ela. Quer queiramos quer não, estes são os cestos que se vendem melhor na altura das vindimas!